Sem nenhuma contrapartida financeira do assentado, sistema de quintais produtivos poderá irrigar até 500 metros quadrados e garantir alimento o ano todo
Diego Barros
Durante a finalização do II Encontro Estadual de Assentamentos do Banco da Terra, realizado em junho, no Centro Social da Fetag, em Maceió, os assentados conheceram uma tecnologia de irrigação desenvolvida em Israel que poderá beneficiar os assentamentos do Banco da Terra em Alagoas: os quintais produtivos.
Realizado pelo Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), o encontro reuniu assentados dos 35 assentamentos do Programa Banco da Terra, que puderam discutir os problemas e soluções para alavancar a agricultura familiar no estado, além de conhecer as novidades que podem beneficiar o setor.
Um dos palestrantes do II Encontro foi o engenheiro agrônomo Carlos Henrique Carvalho, consultor do Instituto Novas Fronteiras da Cooperação (INFC), que falou sobre os quintais produtivos, uma tecnologia criada em Israel para enfrentar os longos períodos de seca. O projeto para implantação dos quintais está sendo desenvolvido pelo INFC em parceria com o Iteral, por meio de um convênio com o Ministério da Ciência e Tecnologia e de uma parceria com a empresa multinacional Metafin. Para que seja instalado, esse sistema não precisará de nenhuma contrapartida financeira do assentado.
De início, entre dois e seis kits de material necessários para instalação do quintal produtivo serão implantados em alguns assentamentos para servir como demonstração. Esse kit de irrigação é suficiente para 500 metros quadrados, o que equivale a mais ou menos o quintal da casa do pequeno agricultor. “O interessante é que esse sistema utiliza pouca água e ali ele vai poder cultivar sua horta, com tomate, alface, cebola, batata, melancia, abóbora”, comentou o especialista do INFC.
“Um dos gargalos é a segurança alimentar. Se a gente garantir, por meio desse sistema, a alimentação da família ao longo do ano, o projeto de financiamento da terra e dos investimentos do Pronaf tende a ficar mais sustentável”, esclareceu o consultor Carlos Henrique Carvalho.
Ele explicou que a tecnologia interna dos tubos distribui a água por gotejamento com uma baixa pressão e uma coluna pouco elevada, em torno de um metro ou um metro e meio, o que evita o desperdício de água e o encharcamento do solo. Esse tipo de irrigação também não precisa de energia elétrica. A liberação de recursos para instalação dos quintais produtivos depende apenas dos trâmites normais no Ministério da Ciência e Tecnologia.